A transição da fase ovulatória para a fase pré-menstrual é a mais perceptível e intensa corpo adentro, nossos sentimentos, emoções e manifestações mudam bruscamente, e administrar esse turbilhão de hormônios e sensações é desafiador.
Nossa versão mais selvagem e animalesca nem pede licença e se manifesta instintivamente, conseguir ter o domínio do corpo e mente nesse momento do ciclo requer muita presença e estudo sobre si mesma.
Sinto que é o momento do nosso ciclo menstrual que nos permitimos ser desagradáveis e agimos de forma autêntica, e por tantas castrações sociais, é como se naquele momento nos permitissem ligar o botão de não nos importarmos com o que os outros vão pensar, e deixarmos, muitas vezes inconscientemente, o nosso corpo manifestar a sua selvageria.
É o momento do nosso ciclo que não deixamos nada passar, e não porque queremos conscientemente que seja assim, é porque somos movidas pelo instinto, mas toda fera pode ser mestra de si mesma, e até a nossa versão mais selvagem precisa ter consciência dos seus instintos.
Será que no ímpeto de impor todos nossos limites, falar o que sentimos, expressarmos nossa ira não estamos invadindo o espaço do outro de forma não saudável? Será que por aquele tempo determinado nos permitimos tudo, porque nos silenciamos em todas outras fases? Será que estamos sendo coerentes e mestras de nós mesmas no nosso período pré-menstrual?
A chave que enxergo como revolucionária e autorresponsável é termos sapiência, ter domínio sobre si mesma é compreender os seus movimentos naturais, ser maestra neste lugar, e assim saber interpretar e comunicar tudo que acontece corpo adentro.
Do contrário, vamos continuar passando por esse momento do ciclo e vamos sair dele nos sentindo culpadas pelo que soltamos aos ventos de forma descompensada.
Já experimentou comunicar as pessoas ao seu entorno que está na fase pré menstrual?
Saber explicar o que acontece corpo adentro, deixar claro os seus limites e fazer acordos para esse período é a uma forma autêntica de ser fiel a si mesma, e saber respeitar os sentimentos das pessoas que te cercam.
Quando sabemos nos respeitar, também queremos que o outro seja respeitado, mas quando nos desrespeitamos, abrimos espaço para que em algum momento, que nesse caso é a TPM, desrespeitarmos também.
A mulher que é mestra de si, tem como um dos seus pilares de fortalecimento a autorresponsabilidade.
Ter propriedade sobre si mesma é a nossa libertação, e a libertação de todas nossas relações.
Autoria do texto: Nathália Jucinsky @nathaliajucinsky

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