Outra noite, em um desses poucos momentos que só tem espaço para a natureza falar, e que o silêncio predomina, a lua brilhava lá no alto, e uma conexão se deu, bem ali, eu e ela.
Ao mesmo tempo que ela estava dentro de mim, ela também estava fora, e eu podia compreender toda sabedoria que ela vinha me trazer.
Esses momentos da vida que parece que não existe tempo, tudo se dá naquele momento presente, e é tudo que importa.
Reverenciei a sua presença, como uma filha que pede benção a mãe, para que então eu começasse a lhe contar sobre as minhas aflições, era noite de lua cheia, e na intenção de ter clareza sobre meus anseios, pedi que ela trouxesse luz e iluminasse meu campo de visão, que naquele instante estava limitado.
Mama lua, tenho dificuldade de me manter sábia em situações em que me sinto oprimida, diminuída e repreendida por ser mulher, eu sei de toda sua divindade, e quanto abençoada sou por ser como você, mas por vezes viro fera e deixo a raiva me dominar, não consigo mais aceitar esse retrocesso.
Então ela me ofereceu um respiro, e me trouxe de uma forma tão maestra o ensinamento:
“Minha filha, quando estamos em paz com nós mesmas, quando reconhecemos a nossa potência, e já integralizamos que não somos esse sistema, desarmamos o gatilho com imposição de limites, tendo firmeza e confiança para proclamar um bom ‘NÃO’, esse corpo mulher é a ferramenta que você tem aí na terra para fazer revolução. Não se distraia”
Tem coisas que só um bom colo de mãe cura, e resgatar a sabedoria da nossa ancestralidade trás acalento, e coragem para seguir caminhante.
A lua lá fora, me ensina a ser lua aqui dentro!
Autoria do texto: Nathália Jucinsky @nathaliajucinsky

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