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Arjuna é um guerreiro pacífico, nos vedas é contada a história desta figura, de quando no campo de batalha ele para tudo, pois se dá conta que para continuar ele precisaria enfrentar os seus. Então ele chama Krishna e questiona, como posso seguir nessa guerra se quem se coloca como meu inimigo sãos meus irmãos, primos e amigos? Ele não queria combater esse combate, todos sabiam que ele era o melhor guerreiro e venceria todos facilmente, não seria nem justo.
Krishna então com sua capacidade sobre as coisas, suspende a ação no campo de batalha e começa a conversar e cantar para Arjuna.
Arjuna no bhagavadgita aprende sobre a ilusão do que vemos em nossa frente, sobre a importância de se conhecer a si mesmo, de reconhecer suas vulnerabilidades e também seus poderes e ter humildade. Será que ele estava mesmo prestes a matar os seus?
Quantas vezes nos deparamos com situações que para seguirmos nosso caminho com as escolhas que nos deixam leves, parece que temos que enfrentar todo mundo?
Se desfazer de ilusões na teoria parece muito altruísta, mas na pele arde e queima. O que então é possível fazer quando bons combates se apresentam e precisamos ser guerreiros pacíficos? Respirar certamente vai ajudar e clarear muito o pensamento e a emoção. Meditar poderá dar uma tremenda capacidade de se perceber. Meditar não é suspender os pensamentos ou parar de pensar, está mais para um estado que começa com a contemplação de tudo que se passa dentro de mim, para depois ser uma distância de tudo isso e aí organizar as coisas internamente. Meditar também não garante uma vida de paz e em alguns casos pode oferecer um verdadeiro caos ao abrir os olhos e notar a “realidade”.
Meditar pode ser estar no campo de batalha e precisar de uma parada para conversar com nossa fonte, ou seja, nossa essência. É tão libertador fazer uma pausa, reconhecer emoções, pensamentos. Bons ou ruins, são parte de uma maravilhosa criação que é cada um de nós.
E tudo muda sempre, e para acompanhar esses turbilhões e calmarias, essa pausa é sublime.
Para meditar também não é preciso do lugar perfeito, das perfeitas condições de temperatura e pressão, pode ser ali mesmo no momento da guerra, no perrengue ou no êxtase, de pé, sentada ou deitada, a respiração, o silêncio, a pausa, a comunicação com pensamentos e emoções. Solta tudo, ainda que só na imaginação, solta, e deixa chegar a inspiração. Vencer o bom combate pode ser apenas perceber-se com raiva ou amor, e estar em paz com essa clareza. E mesmo sabendo que no campo adversário está seu maior afeto, sem passar por isso não se pode avançar nos processos de amadurecimento.
Quantas vezes você abriu mão de você mesma por não querer ver?
Abra os olhos amorosamente para você mesma. Veja seu sangue, seu suor, sua lágrima, se reconheça com a glória que só você sabe que há! Viva e deixa viver! Lute como Arjuna e cante como Krishna!
Autoria do texto: Juliana Silva Cerdá Mendes @julianacerdamendes

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