Impor limites é algo libertador e ao mesmo tempo aqui dentro ainda incomoda um tanto, aquela perturbação interior que leva a um lugar de culpa, de desconforto.
Isso é tão estranho, porque ao mesmo tempo que é um movimento de autorrespeito, de um ‘SIM’ para si mesma, é como se uma orquestra de autojulgamento fosse acionada.
Desejo muito poder dizer ‘não’ sem culpa, sem dor, sem medo.
Desejo que o ‘não’ seja naturalizado, assim como se naturaliza um ‘não’ dito para uma criança.
Por que entre nós, pessoas adultas e maduras, isso é tão complexo?!
Acredito que todo esse desconforto ainda está muito conectado ao arquétipo da “boa menina”, essa que somos ensinadas a ser, aquela que faz tudo para agradar, para ser aceita, aprovada, essa que evita dizer ‘não’, que evita se posicionar para não causar conflito ou estranheza.
Por mais que tenhamos hoje esse ‘não’ mais desenvolvido, sinto que ele ainda é amargo e ácido nos nossos paladares, ele ainda vem carregado de peso.
Desejo que nós possamos ser fiéis a nós mesmas, que possamos estabelecer uma estrutura sólida de autorrespeito, que o amor próprio seja consolidado na prática, que a gente não se permita ultrapassar os próprios limites pelo medo da rejeição e do conflito.
Desejo que o ‘não’ possa sair das nossas bocas com confiança e coragem de quem entendeu que ser permissiva com o outro é violar os acordos firmados consigo mesma.
Desejo que não nos coloquemos em lugar de mendigas da aprovação alheia para que isso nos cause algum conforto.
A autonomia feminina passa pelo lugar de aprender a dizer ‘não’.
Autoria do texto: Nathália Jucinsky @nathaliajucinsky

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