A intuição, o medo e o mar.
Salve e Bença. Que bom que você está aqui para esta leitura e encontro. Muito prazer!
No estudo de vedanta, que são os capítulos finais de cada livro dos vedas, tradição indiana, contam-se muitas histórias, pois elas ilustram e nos guiam através de emoções, sentimentos, analogias e exemplos que nos despertam. Como se ao invés de nos apontar diretamente para um estrela no céu, que não conseguimos ver, a história vai nos guiando, pela árvore, pelo galho, na direção onde finalmente miramos o ponto brilhante na imensidão.
Certa vez escutei de um professor de vedanta uma história sobre o mar, ele contava que tal pessoa um dia acordou, abriu os olhos e se deu conta que estava numa imensidão azul, dentro do oceano. Olhou para um lado, para outro, para cima e até para baixo, percebeu que pelo menos sabia nadar, mas não fazia ideia de como tinha ido parar lá. Então o dilema, o que faço agora? Fico parado tentando descobrir de onde vim e para ponde vou e porque de tudo, sabendo que isso me faria afogar em pouco tempo, ou começo a nadar para quem sabe chegar em algum lugar, e aí entender o propósito de estar vivendo aquilo? Isso acontece conosco todo instante.
Agora e se esse mar for, nossas emoções, se o despertar for nossa intuição e se as dúvidas forem nosso ego? Certamente que as dúvidas são como bussola e nos fazem mover e querer sair da situação, mas elas também podem nos afogar se ficamos paralisadas com medo.
Quantas vezes nos vemos em situações onde farejamos caminhos, sentimos medo, e paralisamos entregando nossa bussola nas mãos de outros, que se vierem carimbados de selo de especialista ou vestido de espiritualidade, ficam mais apetitosos ainda.
E se deixarmos sangrar, se deixarmos adoecer para curar, se não tivermos nada a perder pois o ganho é aprender, se simplesmente ao despertar nadarmos com medo mesmo, e com nossa bussola ego nos ajudando como ferramenta, e não mais como peso extra?
E se?
Salve Mãe Iemanjá, rainha das cabeças e do mar. Facilidade, alegria e glória. Beijos.
Autoria do texto: JULIANA CERDÁ MENDES GOUVEIA – @julianacerdamendes

Imagem Georgia Cardoso