Ser comum é atestado de fracasso para nós mulheres, principalmente se o recorte social for mulher preta. Essa pergunta saltou na minha tela mental presenciando o fenômeno da ginástica artística Rebeca Andrade ganhando medalha de ouro nas olimpíadas e dividindo pódio com mais duas mulheres negras.
O que a mulher precisa fazer para ser exaltada?
Ser “comum” não é suficiente para ser respeitada, ser “comum” é atestado para ser massacrada por um sistema machista patriarcal que só espera um deslize da mulher para atirar a primeira pedra.
Não sei que lugar foi esse em que foi autorizado o direito ao “conselho” na vida da mulher, porque independente da fase em que estamos passando: lunação, gestação, menopausa; uma gigantesca parcela de pessoas tem opiniões e conselhos a distribuir.
Onde tem espaço para a mulher “comum” na nossa sociedade?
Não me canso de presenciar mulheres multifacetadas perdendo oportunidades por alguma questão que aos olhos capitalistas o rendimento não é mais o mesmo, saúde mental debilitada, maternidade, gestação, são alguns dos atravessamentos que precisamos nos blindar caso não queiramos por o nosso reconhecimento a prova.
Essa síndrome da superação tá me cansando, e vejo tantas ao meu redor exaustas; casa, filhos, trabalho, autoestima, estudo, saúde mental, criar algo incrível para ser reconhecida, ter algo importante a dizer, acertar, acertar, acertar.
Peço licença para habitar a vala comum, ser extraordinária acaba com qualquer psicológico, tá aí Simone Biles nos confirmando isso.
Um salve a mulher “comum”, que merecem ser exaltadas pelo simples fato de nascer “MULHER”.
Autoria do texto: Nathália Jucinsky @nathaliajucinsky
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